Por Que Fazer Psicoterapia?
Você já se perguntou por que fazer psicoterapia? Tem tido muitas dúvidas sobre este tema, e não sabe nem como escolher o seu psicólogo? Pois saiba que todos estes questionamentos são mais comuns do que você imagina.
Afinal, quando pensamos em iniciar uma análise com um psicólogo, a angústia desperta dentro de nós. Aquele medo do que pode acontecer, como funciona, o que eu vou falar, são medos que fazem parte de todo o processo terapêutico. Isso apenas significa que você está bancando a sua terapia – ou seja, você está disposto a seguir em frente com ela.
Pois muita gente acredita que fazer terapia é algo “gostoso”, rápido e simples. O que não é verdade. A psicoterapia vai muito além do famoso “8 ou 80”. O psicólogo não irá traçar um passo a passo minucioso para você atingir “tal objetivo” em tanto tempo. Pelo contrário: o psicólogo irá intervir de maneira que você questione o objetivo e, com isso, questione os caminhos que você quer seguir em sua vida.
Se você quer conhecer um pouco mais sobre a psicoterapia, bem como entender porque é importante fazê-la, então lhe convidamos a seguir em nosso artigo. Acompanhe as informações que separamos para você:
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Como funciona a psicoterapia?
A psicoterapia, em linhas gerais, funciona como um ambiente onde o sujeito tem total liberdade para fazer a sua associação livre e ser escutado. Sendo que, a associação livre se baseia em falar tudo que lhe vem à mente, sem censura. Desse modo, não há motivos para basear uma linha cronológica “certinha”, bem como não há necessidade de se pensar exatamente em quais palavras usar. É muito mais rico quando se é permitido falar, apenas para falar o que vem à mente.
Uma vez que, quando pensamos muito sobre a formulação de nossas frases, bem como a “importância” do conteúdo presente nas mesmas, acabamos nos privando de importantes informações acerca de nós mesmos. É preciso ter em mente que o psicólogo jamais estará ali para julgá-lo, ou então, apontar algo “sem sentido” ou que “não é importante”.
Todo material que surge no discurso do paciente é importante. Afinal, trata-se de uma fala que surgiu na mente do mesmo e ele, enquanto sujeito, sentiu necessidade de compartilhar com o seu analista. Com isso, o psicólogo passa a escutar tudo o que o paciente diz, sem distinguir o “mais importante” do “menos importante”. Pudera! Não somos nós que vivemos a sua vida para taxarmos algo de importante ou não.
A partir destas falas, o analista agirá pautado na chamada “atenção flutuante”. A atenção flutuante nada mais é do que uma atenção sem “picos” ou “quedas”. Ou seja, o psicólogo manterá a mesma atenção para todas as falas do paciente. Uma vez que, quando o mesmo se sente impactado demais por uma única fala, ele pode ficar pensando sobre ela e, com isso, não ouvir as falas seguintes.
E com esta atenção flutuante, somadas com as falas do paciente, forma-se um vínculo entre psicólogo e paciente (chamado de transferência, na Psicanálise). A partir deste vínculo, o terapeuta passará a intervir com questionamentos pertinentes que abram uma nova gama de possibilidades para o paciente.
O terapeuta jamais irá traçar o caminho ou apontar a melhor opção. Ele apenas irá questionar, de forma concisa, fatores que envolvem a vida do paciente. A decisão de escolha e de qual caminho é o mais interessante sempre será do sujeito em análise. O analista apenas escutará, apontará fragmentos que questionem a queixa e o discurso do paciente e, com isso, o paciente poderá pensar de outros ângulos sobre qualquer assunto que levar para a análise.
Desse modo, novas tramas são desenvolvidas na vida daquela pessoa. Ela passa a enxergar de modo mais amplo e coerente, diversos pontos de sua vida. Ela passa a compreender que, assim como qualquer pessoa, tudo bem não estar bem. E ainda: que nunca estaremos plenamente bem! Apenas a terapia será responsável por, juntamente com as decisões do paciente, traçar caminhos possíveis para uma vida mais feliz e saudável. Evitando traçar aqueles caminhos de “felicidade plena”, uma vez que a mesma não existe e é responsável pelas maiores frustrações do homem em sociedade.
Psicoterapia é só para “doente mental”?
É claro que não! Apesar de ainda existirem muitos preconceitos contra psicólogos e seus pacientes, é completamente errôneo dizer que a psicoterapia “serve” apenas para quem é “louco” ou “doente mental”. A psicoterapia não vem como uma solução mágica que tem como objetivo consertar as pessoas “loucas”. A psicoterapia é muito mais que isso.
Portanto, por que fazer psicoterapia? Simplesmente porque assim você começará a ter uma nova visão sobre o seu mundo. Você perceberá outros fatores que envolvem a sua vida de uma forma que antes você nem notava, mas sofria. Você passará a enxergar as suas responsabilidades, reconhecendo que as suas maiores queixas, em grande parte, estão envolvidas no seu poder delas existirem ou não. Ou seja, você passará a questionar sobre qual a sua responsabilidade nas desordens de sua vida.
A psicoterapia irá proporcionar uma nova gama de possibilidades para você. Ela irá enfatizar o seu desejo pessoal, os seus sonhos e os seus planos. Fará com que você perceba que ninguém é igual ninguém e, ainda bem que não é!
A psicoterapia é um caminho que possibilita novos caminhos para a sua vida. Ela não conserta nada. Ela apenas faz com que você questione o que, supostamente, está errado, com o intuito de encontrar soluções plausíveis para você. Ela mostra quem você é, de uma forma que você não se autoconhece, mas sim, se desconhece. Uma vez que você lida com pontos internos seus que, antes, pareciam completamente impossíveis de existirem.
Você passa a reconhecer o seu caminho. Passa a compreender as suas relações com pessoas e suas relações com o mundo. Reconhece que cada sujeito enxerga a dinâmica da vida de uma forma completamente singular. E, com isso, reconhece que cada um terá uma dinâmica diferente de lidar com você.
Desse modo, a psicoterapia é muito mais do que uma terapia para “loucos”. Ela te liberta de amarras profundas que você nem se quer sabia que existiam. Ela lhe mostra caminhos diferentes, ricos de informações sobre você mesmo. Ela te acolhe nos momentos sofridos da vida. Ela comemora com você. Ela lhe traz uma nova história, onde você – e apenas você – é o autor. É você escrevendo a sua vida, as suas conquistas e a sua estrada. Sem imposições sociais que vamos vivendo sem nem notar, até sermos questionados sobre elas.
Como a psicoterapia pode me ajudar?
Por que fazer psicoterapia afinal? Como ela pode me ajudar? Primeiramente, você precisa compreender o que é a psicoterapia e qual o seu real objetivo. Entendendo isso, torna-se possível estabelecermos, de forma sucinta, um “por que fazer”. Afinal, não existe uma única resposta para isso.
Mas, pare e pense um pouco sobre você: como tem sido as suas relações? O que tem acontecido em sua vida? E os seus sonhos e desejos que até mesmo ninguém conhece? Pensou em cada um desses pontos? Agora a pergunta: o que você tem vivido diante de todas essas dinâmicas de sua vida?
A psicoterapia poderá lhe ajudar a enxergar possibilidades, a reconhecer os seus próprios limites, bem como lutar com você para alcançar novos caminhos em sua vida. A psicoterapia é crucial para proporcionar um novo olhar sobre o mundo. Para você reconhecer a sua responsabilidade e quais são as suas atitudes diante de diversas situações.
Você passa a analisar as suas falas, os seus relacionamentos, o seu trabalho. Você questiona tudo o que tem feito até hoje, sendo que antes nem se quer parava para pensar sobre. Você estabelece novos acontecimentos em sua vida. Reconhece que pode mais, mas apenas se quiser mais. Reconhece que tudo bem se não quiser! Reconhece que é diferente, que pode viver sendo diferente, e ainda bem que é diferente!
Quebra paradigmas e limpa o “óculos” embaçado que você sempre tem usado para ver a vida. Percebe a sua culpa nos problemas, bem como percebe que nem sempre a culpa é sua. Você reconhece a si. Considera a si. Enxerga a si. E, com tudo isso, passa a escutar a si mesmo. Trazendo uma nova visão de vida e de mundo, proporcionando caminhos diferentes que antes, por medo, imposição, amarra, preguiça – ou seja o que for – não eram cogitados.
Você se descobre. Se redescobre. Se desconhece. Se reconhece. Se autoconhece e desconhece de novo. E, com isso, vive uma vida mais leve, com menos julgamentos de errado ou certo, apenas seguindo desejos e sonhos seus. Compreendendo suas responsabilidades e reconhecendo as consequências de todas as suas decisões. A psicoterapia, em suma, lhe ajuda a ser quem você é, que você nem sabe que é, numa forma de lhe encaminhar da maneira que você deseja, pautado em decisões que foram previamente questionadas e pensadas – e não apenas impostas.
Qual o investimento para fazer psicoterapia?
Uma das perguntas que mais surgem logo após a “por que fazer psicoterapia” é “quanto custa fazer terapia”. E, além disso, muita gente deixa de procurar um psicólogo apenas por ter em mente a ideia de que “psicoterapia é caro”. E ainda: quando questionamos se essa pessoa já conversou com um psicólogo sobre valores, a mesma diz que não e responde: “mas minha amiga faz com o psicólogo X e paga Y”.
Bom, vamos compreender e esclarecer um ponto muito importante sobre a terapia: você só saberá o real investimento quando você conversar com o seu psicólogo. É claro que existem psicólogos que cobram preço tabelado, mas, no caso de psicanalistas, por exemplo, é diferente. Pois sabemos que o dinheiro envolve muitas questões pessoais do sujeito. Cada um lida de forma completamente diferente sobre as questões sexuais e financeiras em sua vida. Elas estão, de todo modo, atreladas uma a outra.
Contudo, o investimento para fazer psicoterapia irá depender de sujeito para sujeito. É necessário que você estabeleça um contrato com o seu psicólogo, conversando com ele sobre as possibilidades e os impasses que podem surgir ao longo da terapia – por questões financeiras. Ou seja, você só terá a resposta para este questionamento quando visitar um psicólogo e conversar diretamente com ele.
Por que não fazer psicoterapia?
Por fim, outra dúvida que pode ser pertinente, além do “por que fazer psicoterapia”, é o “por que NÃO fazer psicoterapia”. Pode parecer loucura apontar este questionamento, mas o mesmo precisa ser pensado.
A psicoterapia jamais será vista como uma promoção de autoajuda ou autoconhecimento. Ou seja, se estes são os seus objetivos, certamente você irá se frustrar. A psicoterapia não virá com um passo a passo pronto para você superar os seus problemas. Bem como não irá apontar pontos que digam “você é isso por conta disso”. Não mesmo!
Você precisa compreender que estará muito mais envolvido em um processo de desconhecimento do que de autoconhecimento. Muitas vezes, pacientes chegam com ideias prontas de que são assim por conta daquilo, e são questionados. Logo, desmoronam ao se deparar que o autoconhecimento que tinham até então, na verdade, era uma forma de tampar um buraco sobre si. Um buraco que ele desconhecia, e temia ver aberto. Um buraco que mostra características e pontos sobre si mesmo que nem ele conhecia conscientemente.
Este buraco, no entanto, aparece no dia a dia. Em suas relações e atitudes corriqueiras, o sujeito passa a perceber que tem tomado decisões que fazem com que ele mesmo se desconheça. Ele mesmo pare e pense: Nossa, eu fazendo isso? Nem me reconheço mais!
Sendo assim, o oposto deste autoconhecimento que proporciona um aconchego e um conforto para quem o vive. Afinal, é muito mais fácil justificarmos fracassos e erros com o famoso “eu sou assim mesmo”, do que experimentar novos caminhos a fim de desconhecer tudo que aprendeu ao longo da vida.
Por fim, vale enfatizarmos o porquê não fazer terapia: não faça terapia esperando algo doce, gostoso e calmante. Faça terapia esperando novas turbulências, transformações e muros derrubados dentro de você.